Em 10 anos o número de cursos da educação a distância (EAD) aumentou 25 vezes. Porém dados do último Censo da Educação Superior indicam queda de 5% de 2012 para 2013. A pró-reitora de educação a distância da Unijorge, Paloma Modesto, exalta a crescente procura pela modalidade e, prudente, diz que a redução requer uma análise mais detalhada.
O ministro da Educação, Henrique Paim, apontou o rigor na avaliação do EAD como um dos motivos para a queda de 5% das matrículas. Qual a sua avaliação?
A modalidade a distância já representa mais de 15% do total de matrículas em graduação. O número de matrículas em cursos de EAD passou de 49 mil para 1,1 milhão nos últimos dez anos. Então, a diminuição de 5,7% do número de formandos (concluintes) do sistema como um todo (considerando cursos presenciais e a distância), em relação a 2012, deve-se a vários fatores. O ministro Paim levantou a possibilidade que ações de regulação (que independem da modalidade) possam ter contribuído para diminuir a quantidade de concluintes, mas reconheceu que é preciso uma análise mais detalhada dos dados.
Você considera esses cursos uma tendência da educação superior? Por quê?
Sim, sem dúvida. Ainda não temos Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) para o EAD e, mesmo assim, o crescimento de matrículas em seus cursos vem alcançando patamares mais representativos do que os cursos presenciais. O governo aponta para a possibilidade de liberação do Fies para alunos da educação a distância ainda em 2014. Os cursos a distância crescem no mundo inteiro por diversos fatores, como a possibilidade de alcançar localidades nas quais não existe oferta de educação superior, maior autonomia para os estudantes organizarem horários e métodos de estudos, oportunidade de desenvolver competência estudando através de recursos metodológicos e tecnológicos, entre tantos outros.
Quais os impactos do EAD na educação superior?
No Brasil, o impacto da oferta de cursos a distância na educação superior é extremamente favorável. Apesar do crescimento significativo registrado nos últimos anos, o país ainda apresenta percentuais inferiores de população com ensino superior se comparado com outros países. Ficamos aquém de países como México e Chile. Isso, sem falar de lugares como Reino Unido, França e EUA. Para acelerar esse processo no Brasil, que tem dimensões continentais, a educação a distância vem sendo fundamental. Não vamos chegar a percentuais desejados ou atender à demanda por educação superior só com cursos presenciais. Estamos hoje com aproximadamente 18% dos jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior e a meta é chegar a 35%.
O EAD atende à demanda do mercado de trabalho?
O mercado de trabalho é dinâmico e cada vez mais exige a formação de um bom profissional. Na modalidade EAD o desenvolvimento de competências profissionais e comportamentais também é desenvolvido com o auxílio de tecnologia e estratégias de ensino orientadas para essa finalidade. Os alunos formados em cursos de EAD desenvolvem, além das competências inerentes ao curso, outras como domínio tecnológico, proatividade, responsabilidade e compromisso.
Quais os desafios para o EAD a partir de agora?
Os desafios para a educação a distância são de diversas ordens. Alguns deles dizem respeito aos permanentes avanços das tecnologias da informação e da comunicação e sua interface com o a proposta acadêmica, tendo em vista a necessária integração de todos os elementos para a concretização de um processo educacional de qualidade. Também tem o novo marco regulatório da educação a distância, que terá instrumentos de avaliação para todos os cursos com atualizações constantes. Mas, esse novo marco está em fase de alteração.
(Entrevista publicada em 16/09/2014 no site www.atarde.com.br)